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Saudade de Itanhaém 02/10/2012

Posted by Maria Elisa Porchat in Diversos.
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Quem não frequentou Itanhaém nos anos 60 não consegue imaginar o que aquele ponto do litoral paulista significou para a minha geração que hoje já tem netinhos.

Lá passei quase todas as férias da minha infância e adolescência. Nossa casa, com flamboyans e chapéus de sol, ficava num ponto estratégico: esquina de uma rua do centro histórico e comercial com uma avenida paralela à praia “da frente”. Sentados no muro da pérgula sempre florida, víamos de um lado o morro do convento, a cadeia tombada e o movimento da Prefeitura; de outro, o mar que, bem próximo, se unia ao rio Itanhaém, num encontro ao mesmo tempo atraente e perigoso para os banhistas.

A temporada começava sempre com um ritual: a compra do par de tamancos que fazia barulho nas calçadas e que só deixávamos de usar no último dia de férias. De lá, já íamos matar a curiosidade sobre os amigos que teriam chegado – amigos de outros verões, muitos deles se tornando amigos da vida inteira. Uma só turma se encontrava. Na praia pela manhã, à beira do rio no fim da tarde, nos passeios pela vila e nas serenatas na pérgula, comendo o pão quente da primeira fornada da padaria. Brincadeiras saudáveis, segurança, simplicidade, música, alegria.

Hoje no lugar da nossa casa florida há Casas Pernambucanas sem uma folha de árvore para contar história. As Havaianas (legítimas!) silenciaram as calçadas. As praias estão cheias e sujas. A cidade perdeu o charme e a tranquilidade.  Só a alegria daquela geração não se perdeu. E quando a velha turma se reencontra, em outras praias, o assunto é sempre o mesmo: o privilégio de ter vivido as férias, ano após ano, de tamanco nos pés, em Itanhaém.

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